Em 1988 Avai conquistou seu 12º título estadual e eu estava la, alvinegro, no meio da torcida azul e branca, entre amigos, me sentindo em casa. O Figueirense vinha bem atras com apenas oito conquistas. Não por outra razão, meu amigo Polidoro Junior (avaiano doente) e outros profissionais da imprensa, nos beletins, entrevistas, entradas dos vestiários e outras participações em jogos e programas esportivos, assim como os torcedores, se referiam a ambos como "o mais querido" (com a mior torcida) e "o mais vezes campeão".
O time do Estreito levou 94 e 99 e encostou, mas o Avai, com o campeonato de 97 ainda conseguia manter uma certa distanca. Tínhamos, então, o Leão com treze títulos e alvinegro com déz.
Numa arrancada impressionante o clube do Scarpeli papou 2002, 2003, 2004 (tri), 2006 e 2008 (cinco dos déz da década), passando o rival. Eu, alvinegro, aproveitava para brincar com os amigos dizendo que a coisa havia perdido a graça, já que o Figueirense era, agora, o mais querido e também o mais vezes campeão com 15 títulos contra 14 do Avai, mesmo com a conquista do time da Ressacada em 2009, no ano passado.
Agora, com a taça 2010 no Sul da Ilha a coisa empatou em 15 e a Capital leva uma vantagem enorme em relação ao interior.
Desculpem os meus amigos de fora, nada contra ninguém, mas Avai e Figueirense fazem futebol com paixão, carregão décads de tradição em suas camisas e não tem pra ninguém.
É impressionante como cidades com o poder econômico como Joinville, Blumenau, Chapecó, Criciúma, Itajai, Lages, etc, etc, etc, que ja trocaram o nome dos clubes diversas vezes (o América de Joinville virou JEC, o Palmeiras de Blumenau virou Blumenau, Metropol virou Criciúma, Ferroviário e Hercílio Luz unidos passaram a se chamar Tubarão, o Internacional de Lages passou a ser Lages, enfim, e desses, o Marcílio Dias é dos poucos que mantém o nome original e por ai vai), encontram dificuldades para fazer futebol DE VERDADE.
Certa vez se comenou em Florianópolis uma possível fusão entre Avai e Figueirense. Esqueçam! Aqui tem futebol, torcidas apaixonadas e muita tradição para manter vivos os dois clubes que mais vezes conquistaram o futebol de Santa Catarina.
Faz alguns anos que não vou a um clássico. Nesse jogo, tanto no Scarpelli como na Ressacada, olho para o lado azul e branco e fico tentado imaginar o que pode passar pela cabeça de alguém que joga uma bomba, pedras e fogos para ferir e ate matar alguém do lado de lá.
Parabéns aos meus amigos avaianos. A exemplo de 2009, o título de ontem foi incontestável e está em boas mãos. Agora vamos ao desempate, em paz e com esportividade.
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