7 de set. de 2014

Marcio de Souza sobre o racismo (publicado no Facebook)

Para não me prolongar, quero repetir aqui apenas o que postei como comentário no Facebook assim que li esse texto do Marcio - Simplesmente excelente! 

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Então, parece que sempre estamos descobrindo o racismo no Brasil. O comportamento da grande mídia é sempre espalhafatoso, em relação ao racismo .
A preocupação é impedir o desenvolvimento do debate sobre o papel estruturante das desigualdades sociais, promovidas pelo racismo, numa sociedade como a brasileira. Há uma técnica recorrente, que circunscreve o racismo num circuíto opinativo de auditório televisivo. Assim, a cada episódio um espetáculo é montado.
As celebridades negras e não negras são chamadas para opinar, sobre os crimes de racismo. Algumas delas com suas posições derivadas do senso comum, tratam as questões de formas inadequadas e, reforçam a superficialidade do tema. Pouco se fala da constituição e da lei específica que trata das punições para os racistas. Muitos querem dizer que a questão do racismo,é uma questão de boa ou má educação. Se assim fosse, nenhum sujeito com diploma praticaria o racismo; o preconceito e a discriminação racial. Há um esforço permanente de desqualificar a natureza histórica do racismo, e de sua relação com a escravidão; bem como a sua importância na construção do Capitalismo nacional, que teve o seu aporte e financiamento inicial promovido pelo trabalho escravo: donde veio a acumulação primitiva do capitalismo no Brasil? Pois, a exploração do trabalho nesse novo modo de produção, se valeu das estruturas do velho modelo, que ofereceu como legado o racismo. Este é um arranjo ideológico que continua rebaixando o valor do trabalho dos negros assalariados: funcionando dessa forma como um valor agregado à mais valia; aquela parte do trabalho que não é remunerada. O racismo faz parte desse sistema de exploração, que age de forma específica sobre os descendentes de africanos, mas que empobrece toda a sociedade. Os esquemas midiáticos tratam de apresentar as questões relacionadas as relações inter-étnicas, como sendo polêmicas. Transformam os crimes de racismo em FLAxFLU, quem é contra; você acha que houve racismo? Você já sentiu racismo? Você acredita que ele (a) desejou praticar racismo? Essas são as repetições sistemáticas que seguem, para organizar no imaginário coletivo, o abrandamento do crime tirando-o desta condição.
O abandono das vítimas de racismo, por parte das instituições públicas é intolerável. São ridicularizadas diante da opulência dos agressores e, do descaso do Estado. O caso Aranha entra para a história do Brasil e, somente os negros podem mudar esta situação; pois não vale mais reclamar e chorar. A imensa maioria desse país, que é negra, precisa fazer sua parte. O Aranha já fez a sua e, enfrentou um estádio. Para começar, proponho que no próximo jogo que o Aranha comparecer, Porto Alegre, sejam organizadas comitivas para saudá-lo. Eu estou me preparando, aqui de Florianópolis para migrar para lá. Vamos solicitar ao Ministério Público para acompanhar as investigações; vamos pedir a suspensão das atividades no Campo do Grêmio; não pode existir no Brasil um lugar para concentrações de racistas, sob os olhares e ouvidos de diretores de um clube, filiado à FIFA. É preciso radicalizar com o racismo, não podemos passar a mão na cabeça dos herdeiros dos senhores de engenho, e admiradores de Hitler.

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