Um pouco atrasado ai está o texto da Samantha da última terça-feira no jornal A Notícia, com o qual concordo plenamente. O radicalismo - em casos onde ainda há uma chama de diálogo - apenas prepara o terreno para a guerra. Se bem, também, que nesse caso ha radicais, e muitos, no dado de la.
Acompanhei diversos debates, praticamenbte todos, sobre a questão, e não adianta falar em metodos alternativos (alguns, pois ainda não ha para tudo) que colocam esses experimentos hoje na condição de ultrapassados.
Sobre isso, semana passada soltei o email abaixo.
O vídeo com imagens dos próprios estudantes.
A Notícia, 27 de setembro de 2011
Acompanhei diversos debates, praticamenbte todos, sobre a questão, e não adianta falar em metodos alternativos (alguns, pois ainda não ha para tudo) que colocam esses experimentos hoje na condição de ultrapassados.
Sobre isso, semana passada soltei o email abaixo.
Mesmo não fazendo parte dessa corrente mais radical, quero lembrar que ja há metodos alternativos, e os experimentos são maus-tratos e ferem a Lei 9.605/98, de crimes ambientais.
Quem tiver alguma dúvida consulte ai na rede (no Google)
Kiko
O vídeo com imagens dos próprios estudantes.
OPINIÃO
Animal Liberation Front, por Samantha Buglione*
Na madrugada do dia 20 de setembro, o biotério central da Universidade Federal de Santa Catarina foi incendiado por ativistas do Animal Liberation Front (ALF). O ALF é o nome usado por ativistas de defesa dos animais não humanos que utilizam a ação direta, como resgates e sabotagem, para libertá-los.
Em que pese eu ser vegana, ser contra o uso de animais não humanos em pesquisa científica para exclusivo benefício humano e já ter tido um café e bistrô orgânico e vegano, não posso compactuar com uma atitude dessas, por uma série de razões. A principal delas é o pressuposto da liberdade. Quem defende a liberdade de todos os animais, humanos ou não, não pode arvorar-se dono da verdade e destruir aquilo que vai contra as suas convicções. Se até fosse um empreendimento privado, que só visa ao lucro próprio, ainda assim seria lamentável.
Agora, destruir patrimônio público, que é afeto a todos nós e de uma universidade, não dá. A universidade é justamente o lugar da discussão qualificada, no qual qualquer argumento, por mais insensato que pareça, deve ser tratado com a mesma seriedade dos demais. É o princípio da “mais-verdade” (verdade refutável) que move a ciência. Aquilo que é válido e aceito tem uma natureza provisória, já admitida de antemão, pois todos sabem que o conhecimento evolui, inclusive a nossa percepção sobre o estatuto dos animais.
Do ponto de vista político, aí, sim, a atitude foi totalmente lamentável. O debate acerca dos direitos dos animais não humanos ainda não alcançou maturidade suficiente, e nem aos menos as atuações políticas e jurídicas em seu benefício. Abreviar um caminho e partir para a ação direta sem esgotar os canais legítimos é um amadorismo que descredencia o movimento de libertação animal para o debate e articulação com a sociedade. Sensibilizar o agente moral a parar de comer carne, não usar animais em benefício próprio ou de humanos em geral agora fica mais difícil, pois a imagem de radical e autoritário virá sempre associada. Não importa a nobreza da causa: se ela se utiliza dos mesmos meios de sempre, os fins serão desvirtuados.
Tudo isso me lembra os meus tempos de bistrô: a sobrevivência do negócio vinha de carnívoros que queriam comer bem, com ou sem carne. Vegetarianos e veganos só apareceriam para gastar pouco e criticar o fato de eu ter tudo, menos aquele detalhe ínfimo que eles achavam de suma importância. Ego inflado, vaidade e intolerância não são atributos apenas de políticos corruptos, empresários sem escrúpulos ou consumidores inconsequentes. A galerinha “shanti, shanti” também é pródiga nesses defeitos. A diferença é que esconde um pouco melhor.
buglione@babele.com.br
*Bacharel e mestre em direito, doutora em ciências humanas
Em que pese eu ser vegana, ser contra o uso de animais não humanos em pesquisa científica para exclusivo benefício humano e já ter tido um café e bistrô orgânico e vegano, não posso compactuar com uma atitude dessas, por uma série de razões. A principal delas é o pressuposto da liberdade. Quem defende a liberdade de todos os animais, humanos ou não, não pode arvorar-se dono da verdade e destruir aquilo que vai contra as suas convicções. Se até fosse um empreendimento privado, que só visa ao lucro próprio, ainda assim seria lamentável.
Agora, destruir patrimônio público, que é afeto a todos nós e de uma universidade, não dá. A universidade é justamente o lugar da discussão qualificada, no qual qualquer argumento, por mais insensato que pareça, deve ser tratado com a mesma seriedade dos demais. É o princípio da “mais-verdade” (verdade refutável) que move a ciência. Aquilo que é válido e aceito tem uma natureza provisória, já admitida de antemão, pois todos sabem que o conhecimento evolui, inclusive a nossa percepção sobre o estatuto dos animais.
Do ponto de vista político, aí, sim, a atitude foi totalmente lamentável. O debate acerca dos direitos dos animais não humanos ainda não alcançou maturidade suficiente, e nem aos menos as atuações políticas e jurídicas em seu benefício. Abreviar um caminho e partir para a ação direta sem esgotar os canais legítimos é um amadorismo que descredencia o movimento de libertação animal para o debate e articulação com a sociedade. Sensibilizar o agente moral a parar de comer carne, não usar animais em benefício próprio ou de humanos em geral agora fica mais difícil, pois a imagem de radical e autoritário virá sempre associada. Não importa a nobreza da causa: se ela se utiliza dos mesmos meios de sempre, os fins serão desvirtuados.
Tudo isso me lembra os meus tempos de bistrô: a sobrevivência do negócio vinha de carnívoros que queriam comer bem, com ou sem carne. Vegetarianos e veganos só apareceriam para gastar pouco e criticar o fato de eu ter tudo, menos aquele detalhe ínfimo que eles achavam de suma importância. Ego inflado, vaidade e intolerância não são atributos apenas de políticos corruptos, empresários sem escrúpulos ou consumidores inconsequentes. A galerinha “shanti, shanti” também é pródiga nesses defeitos. A diferença é que esconde um pouco melhor.
buglione@babele.com.br
*Bacharel e mestre em direito, doutora em ciências humanas
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