Diário Catarinense, 4 de abril de 2011 - Moacir Pereira
O calvário do SUS
Dois assuntos predominaram no noticiário deste fim de semana: a caótica situação do Sistema Único de Saúde em várias cidades brasileiras, e o relatório da Polícia Federal sobre a quadrilha do mensalão, que fulmina e sepulta a tese pregada com insistência pelo presidente Lula e dirigentes petistas de que a compra de parlamentares com dinheiro público era retórica das oposições.
A documentação da Polícia Federal, veiculada pela edição da revista Época desta semana, não deixa a menor dúvida. O grave é que os envolvidos na monumental fraude podem se beneficiar com a prescrição pelo crime de formação de quadrilha. A situação do SUS não constitui novidade, mas a forma dramática como os fatos foram apresentados causaram impacto em todo o Brasil, com ampla repercussão também aqui em Santa Catarina.
Nos principais municípios do Estado tem-se dupla realidade. Os pacientes que pagam o atendimento em clínicas e hospitais particulares e os beneficiados com planos de saúde têm assistência de qualidade. Já os doentes que dependem do SUS encontram situações até desesperadoras.
Uma auditoria realizada pela Diretoria de Atividades Especiais do Tribunal de Contas do Estado revelou dados estarrecedores sobre o caos da saúde na Grande Florianópolis. Pesquisou em Biguaçu, São José e Palhoça. Concluiu que, em cinco especialidades, o prazo de espera dos pacientes é um escândalo.
Na data em que a pesquisa foi feita, pacientes de Biguaçu estavam aguardando atendimento em pediatria desde 25 de agosto de 2004 e aqueles com problemas neurológicos estavam na fila há 1.448 dias. Em São José, doentes com problemas de visão estavam desde 23 de agosto de 2004 sem atendimento, enquanto os que precisavam de ortopedista esperavam desde 23 de junho de 2005. Em Palhoça, 1.896 dias esperando por um especialista em Endodontia e 1.861 aguardando por uma uma cirurgia pediátrica.
RETORNO?
A auditoria constatou que o retorno dos pacientes é outro calvário. Com mais de 90 dias de espera para apresentar exames aos médicos havia 48 casos de mamografia e 33 de Raio X de tórax, em Biguaçu; 36 pacientes com eletrocardiograma e 13 com teste do pezinho, em São José; 33 doentes de mamografia bilateral e 27 de colonoscopia, na Palhoça.
A auditoria indicou que em Biguaçu estavam na fila de espera na especialidade de neurologia 1.258 pacientes, enquanto outros 1.285 em oftalmologia e 2.704 em ortopedia e traumatologia.
O Tribunal de Contas deu prazo às prefeituras e Secretaria da Saúde para solucionarem este gravíssimo dilema da população. Os médicos culpam o governo federal, que não reajusta a tabela do SUS há mais de oito anos.
Brasília fez algumas atualizações em especialidades como transplantes, neurocirurgia e cardiologia. O governo federal paga, hoje, R$ 10 por consulta médica.
Qual o médico que aceita um contrato com uma prefeitura ou governo do Estado com estes valores?
Na Grande Florianópolis, há evidente carência de policlínicas para o atendimento básico de medicina preventiva. Só agora as prefeituras estão investindo no setor. As equipes de saúde da família também têm deficiências em toda a região.
Os problemas se agravaram nos últimos anos com uma inexplicável ação do governo estadual, executando reforma física simultânea no Hospital Infantil, Emergência do Hospital dos Servidores, Hospital Florianópolis(fechado) e Hospital Regional de São José. Unidades que também não funcionam a pleno vapor como denunciou o secretário municipal da saúde, João José Cândido da Silva.
O secretário estadual da Saúde, Dalmo de Oliveira, está ciente desta dramática realidade. Pretende propor esta semana ao grupo gestor do governo a contratação de 550 funcionários, a maioria na área da enfermagem, justamente para funcionamento de todos os leitos dos hospitais públicos.
Há um concurso que está em vigor e cujo prazo de admissão expira dia 16 de abril. Promete ativar 80 leitos na região.
- Marcada para quarta-feira, às 17 h, a solenidade de posse do juiz Luiz Fernando Boller e dos advogados João Batista Góes Ulysséa e Ronei Danielli como desembargadores do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Pela primeira vez na história o Judiciário catarinense passará a atuar com 60 desembargadores
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